sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
O Malandro...
Ópera do Malandro (youtube)
O malandro, Na dureza
Senta à mesa, Do café
Bebe um gole, De cachaça
Acha graça, E dá no pé
O garçom, No prejuízo
Sem sorriso, Sem freguês
De passagem, Pela caixa
Dá uma baixa, No português
O galego, Acha estranho
Que o seu ganho, Tá um horror
Pega o lápis, Soma os canos
Passa os danos, Pro distribuidor
Mas o frete, Vê que ao todo
Há engodo, Nos papéis
E pra cima, Do alambique
Dá um trambique, De cem mil réis
O usineiro, Nessa luta
Grita: (ponte que partiu)
Não é idiota, Trunca a nota
Lesa o Banco, Do Brasil
Nosso banco, Tá cotado
'Tá cotado
No mercado, Exterior
Então taxa, A cachaça
A um preço, Assutador
Mas os ianques, Com seus tanques
Têm bem mais o, Que fazer
E proíbem, Os soldados
Aliados, De beber
A cachaça, Tá parada
Rejeitada, No barril
O alambique, Tem chilique
Contra o Banco, Do Brasil
O usineiro, Faz barulho
Com orgulho, De produtor
Mas a sua, Raiva cega
Descarrega, No carregador
Este chega, Pro galego
Nega arrego, Cobra mais
A cachaça, Tá de graça
Mas o frete, Como é que faz?
O galego, Tá apertado
Pro seu lado, Não tá bom
Então deixa, Congelada
A mesada, Do garçom
O garçom vê, Um malandro
Sai gritando, Pega ladrão
E o malandro, Autuado
É julgado e condenado culpado,
pela situação...
Composição: Francisco Buarque de Hollanda
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